Dachau Camp.
Acordei cedinho, cedinho. As 9. O que pra mim eh quase um atentado. Coloquei minhas três blusas, meu moletom, meu casaco, minha touca, minhas luvas, minhas duas meia-calcas e minha calca jeans e fui pro walking tour.
-8 em Munique. Descubro que vai ter um walking tour a Dachau... que era meu planejado para hoje, mas que eu tinha decidido que iria fazer amanha. Ok, vamos a Dachau.
Trem, bus e chegamos no memorial. Na entrada, a primeira falsa ilusão. Escrito no portão da entrada: o trabalho liberta. E sinto lhe dizer, não, não eh verdade. E jamais naquele contexto.
Estava nevando e o campo inteiro estava coberto com uma grossa camada de neve ainda do dia anterior. Só o que eu conseguia pensar naquele momento era como viviam aquelas pessoas encarceradas ai em um dia como este. Com a brutal diferença que elas nunca usaram minhas três camadas de roupas. Bem, há de se concordar que ai ninguém exatamente vivia.
Fomos ao museu do memorial, onde ha exibições de fotos, história, e um como tudo começou e terminou. Logo na entrada, um painel enorme, sem a distinção dos estados europeus e o nome de todos os campos de concentração espalhados por ai naquela época. Eu juro que eu não imaginava a extensão de tudo isso. E ver assim, desenhado em um grande mapa é de um afeto avassalador.
A ambição dos nazistas era tomar o leste europeu transformando em território alemão o que hoje se constitui como Polônia, Eslováquia, Hungria e tudo mais que ficasse no meio de seu caminho. A cada passo dentro do museu, a cada propaganda nazista, a cada foto que joga escandalosamente a verdade na cara de cada um que passa por ai, um arrepio.
A sala de tortura. Um lugar que ainda se pode sentir breve cheiro de sangue. As marcas no chão. O mesmo artefato de madeira que serviu para castigar tantos milhares durante tantos anos exposto junto ao chicote. Como se a historia já não fosse suficientemente cruel.
Andamos um pouco na neve para chegar à câmara de gás e, ao lado dela, o crematório. É surreal fazer este trajeto e se colocar a pensar o que se passava na cabeça dos que faziam o mesmo caminho. O lugar fica ao lado de um riozinho, para onde pessoas vão e nunca mais voltam. Tudo é imenso e cercado, as torres de controle em lugares estratégicos te dão absoluta certeza que é impossível fugir dali. Um dia depois de irem, uma fumaça de cheiro muito estranho anuncia que a próxima leva já está marcada.
Quando chegamos nesta parte da visita, não havia nenhum pelo de meu corpo que não estivesse em pé. Quando entramos na câmara de gás, sentia algo perto de mim, atravessei esta sala, a do crematório e sai dali o quanto antes consegui. Não há como não ser tocado por este lugar. É especialmente difícil e tenso para pessoas sensitivas. Não há como descrever como é ouvir e sentir o que se passou ali. Me sentia sem ar.
Quando chegamos nesta parte da visita, não havia nenhum pelo de meu corpo que não estivesse em pé. Quando entramos na câmara de gás, sentia algo perto de mim, atravessei esta sala, a do crematório e sai dali o quanto antes consegui. Não há como não ser tocado por este lugar. É especialmente difícil e tenso para pessoas sensitivas. Não há como descrever como é ouvir e sentir o que se passou ali. Me sentia sem ar.
É incrível ver o caos que os seres humanos são capazes de proporcionar a sua própia raça. Dachau me impressionou demais e deixou-me mais perplexa do que eu esperava que me deixaria. Há de se ter estômago, mas também coragem. Lugares como este são extremamente necessários para lembrar a humanidade do seu passado.
Conheci um americano no tour: Chris, do Texas. Saímos dali e fomos curar a ressaca do campo de concentração. Ressaca acho que é a palavra mais próxima do que te ronda após um passeio desses. :(
Conheci um americano no tour: Chris, do Texas. Saímos dali e fomos curar a ressaca do campo de concentração. Ressaca acho que é a palavra mais próxima do que te ronda após um passeio desses. :(
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