(Parte 2) Sobre Intercâmbio: Planejamento
PLANEJAMENTO NA PRÁTICA
EMPRESAS DE INTERCÂMBIO...OU NÃO?
EMPRESAS DE INTERCÂMBIO...OU NÃO?
First of all....exceto no caso dos voluntariados (por motivos expostos na Parte 1) e, principalmente, se você for iniciante nesse negócio... procure uma empresa de intercâmbio. Não tem sentido viajar sem a ajuda de uma delas, principalmente se você for estudante e/ou tiver zero experiência em viagens.
Entre os vários bons motivos para isso, considero alguns essenciais: Tanto o preço do Seguro Saúde exigido pela maioria (ou todos) os países para intercâmbios, quanto o preço do curso em sí era exatamente o mesmo se comprado diretamente no site da empresa. Pesquise, mande e-mails, pergunte, mas no meu caso eram iguais. Além de trocar seis por meia dúzia financeiramente, também há a possibilidade de comprar passagem de estudante mais barata (e fazer a troca de datas depois), sair com moradia definida para os primeiros dias, ajuda na compilação de documentos para fazer o visto (pq a Espanha exigia um mundo de documentação na época), contratação e contrato do curso e seguro-saúde... então por quê raios eu faria tudo isso sozinha sem nenhuma experiência no assunto por praticamente o mesmo preço?
E bem, o sozinha no meu caso tinha outra conotação também. Eu estava procurando uma empresa que me acompanhasse DURANTE o meu intercâmbio também. não somente que me desse todas as vias para chegar lá e depois me dissesse foda-se vire-se você. Eu tinha zero experiência na época e o mais longe que eu tinha ido era Buenos Aires. Um oceano de distância me fazia querer ter mais segurança em alguém que pudesse me dar algumas respostas caso um vulcão fechasse todos os aeroportos da Europa e eu estivesse trancada em Londres viajando sozinha pela primeira vez na vida eu realmente tivesse problemas por lá.
Outra questão é que eu estava fazendo um intercâmbio em convênio com minha universidade e já tinha garantido curso de línguas e universidade, então, sem curso e moradia estudantil, meu intercâmbio saía "mais barato" e, na minha pesquisa na época, as empresas não estavam tão interessadas em um pacote desses. No meio deste mundo louco de venda de experiências, eu encontrei a EGALI.
Veja bem, isso não é uma propaganda, embora eu recomende a empresa sem ganhar nada por isso para todos meus amigos que viajam. "Só e unicamente" porque a Egali nunca me vendeu um pacote, mas acompanhou e esteve em diferentes momentos que precisei, vivendo comigo a experiência de morar fora. Todos os "para viajar você vai precisar de" foram providenciados, acompanhados ou avisados pela empresa antes de eu viajar, além de eu ter encontrado pessoas incríveis e super comprometidas no meio deste caminho com quem converso (e mando um monte de gente conversar) até hoje. Então assim, minha dica não é necessariamente que você vá pela Egali, mas vá com uma empresa que se importe com você o suficiente para te dar suporte quando e como você precisar sem cobrar nada a mais por isso DURANTE TODA A DURAÇÃO DO SEU INTERCÂMBIO. Basicamente, uma empresa comprometida com você desde os preparativos até sua volta ao Brasil. E vai por mim amigo, não é tão fácil encontrar.
Agora, se você já tiver vivido a experiência antes e não precisar dessa segurança extra, se não estiver mais na condição de estudante para cotar passagens mais baratas ou se você considera que tem experiência prévia suficiente para organizar a experiência do seu jeito e como bem entender, você pode sim organizar isso tudo por conta. Dá um trabalhão maior do que parece, pq tem tantos pormenores que é difícil se organizar com tudo, mas não há nada que paciência, tempo livre, alguma experiência e muita organização não possibilitem.
Então... independente do programa que você escolher e da forma como resolver ir (por conta ou com empresa de intercâmbio), algumas coisas serão essenciais:
VISTO
Isso varia muito de país para país. Em alguns você terá que fazer um processo de visto antecipado. Para ir pra Espanha esse processo durou quase dois meses, entre enviar documentação, fazer entrevista e ir um mês depois lá buscar o passaporte com a tal estampa. Na época eu paguei algo como R$50,00 para fazer este acompanhamento com a empresa de intercâmbio. E foi ótimo; eles me deram uma lista com todos os documentos que eu precisava juntar, o que precisava no exame médico, me deram umas dicas para a entrevista, fizeram o seguro-saúde que atendia às solicitações específicas do visto e ainda conferiram a documentação comigo antes de ir na embaixada. Você pode fazer sozinho se quiser, mas uma negativa de visto por falta de documentação ou uma ou outra especificação (pq os caras não são chatos) vai melar sua viagem e não é a melhor notícia pra se receber no meio do caminho (e da expectativa, esperança, enfim...)
SEGURO-SAÚDE
Para a maioria dos países (exceto América Latina, mas não sei com relação à ficar mais de 90 dias), o seguro-saúde é obrigatório. Alguns deles tem exigências bem específicas em relação à isso, então procure saber quais são as exigências imigratórias do país que você vai antes de contratar o seu. Para a Espanha, meu seguro tinha que cobrir mais despesas que o convencional (o mais barato cobria até 50.000 e tinha que ser 100.000) e tinha porque sim que ter expatriação de corpo (sim, pq isso é uma coisa bem legal de você parar pra pensar quando vai viajar).
Se você não tem certeza de quanto vai ficar, saiba que é possível ir renovando e pagar em partes, se isso não for uma exigência obrigatória pelo tempo de visto. Se você não tem certeza que vai ficar um ano, faça para seis meses e depois renove.
Seguro-saúde é o troço que você reza pra não usar, mas geralmente é obrigatório e se não fosse eu pagaria igual. Eu usei o meu em duas situações; a primeira para fazer uma eco-doppler colorida de ambas as pernas por início de transtorno circulatório (beijo pro anticoncepcional) que, por sí só, pagou meu seguro todinho. Meu seguro custou para seis meses custou 250 euros e só da eco eu teria pago mais de 400... e depois usei na Alemanha, 25 de dezembro quando eu peguei uma dor de garganta trash e a médica english speaker me atendeu quase meia-noite no hostel onde eu estava. Agradeci mil vezes um seguro-saúde tão fofo e imediato porque não podia comprar nem um anti-inflamatório sem receita. O meu era ASSIST-CARD, mas há várias outras opções. A última vez que viajei pra Europa pegamos outro seguro, mas eu não tive que usar então, meu voto será Assist-card eterno em honra aos perrengues!
Vale lembrar que seguro não serve só para saúde. Quando for fazer a contratação, avalie a apólice: cobertura para perda de malas, cobertura para atraso de voo, acompanhante e hospedagem em caso de necessidade médica, despesas medicamentosas, enfim...faça uma comparação entre o que eles oferecem.Não adianta a cobertura ser maior e não ter nenhuma cobertura medicamentosa ou de acompanhante, por exemplo. Eu uso o www.comparaonline.com.br para esse fim. Gosto pq ele faz comparação das apólices, geralmente é mais barato do que comprar direto com a empresa e sei que funciona e existe pq posso localizar pelo número do voucher no site da seguradora. :)
Ah! Esqueci de dizer que se você for responsável o suficiente para guardar todas as faturas que gastar com medicamentos, o seguro reembolsa tudinho que você gastou... Claro que tem que ter o trabalho de mandar uma cartinha pra lá e um formulário pra cá e eu não tive paciência pra fazer isso até um mês depois da minha volta, mas se você tiver... eles reembolsam.
Não economize nesta parte da viagem. Ela pode sair bem mais cara que a economia.
PASSAGEM DE IDA E DE VOLTA
Parece um item idiota, mas muita gente considera que é tranquilo passar pela imigração com passagem só de ida. Pois não é. Pode ser que você tenha sorte, pode ser que o funcionário da imigração te olhe, dê um sorriso e um carimbo, mas eu vou te lembrar que pode ser que não. Pode ser que ele peça até o recibo de compra do seu curso, para saber se você está falando a verdade. E você vai ter que provar e não é com sua palavra.
Um dos itens que garante a sua volta é justamente a passagem de volta: pague mais caro e compre com a volta flexível ou com a troca com valor mais acessível se não tem certeza de quanto tempo vai ficar, mas não deixe de comprar. Lembre sempre: pode ser que você tenha sorte, mas pode ser que não.
COMPROVANTE DE RENDA/DINHEIRO EM ESPÉCIE
Este ítem depende bastante das exigências do seu país de entrada. No caso de alguém ser sua fonte de renda neste período, você terá que provar parentesco (dificilmente são aceitos amigos e pessoas que não são familiares em caso de visto prévio, por exemplo) e extratos bancários com movimentação mínima dos últimos três meses, além de imposto de renda, folha de pagamento e outras documentações exigidas pelo país, além de comprovação de quantia x em espécie no momento da imigração, se solicitado.
No caso de visto posterior, como Dublin, se exige na própria imigração uma quantia x de dinheiro em espécie que garanta sua estadia no país (na minha época foram mil euros para um ano, hoje já são 3 mil euros para oito meses), além dos documentos básicos como carta da escola (no caso de curso de línguas, ou documentos de comprovação semelhante dos outros programas supra citados) e comprovação de moradia e seguro-saúde.
Eu recomendo sempre que se tenha um primeiro (e dentro das possibilidades, um segundo) meio de emergência. Seja ele cartão pré-pago, tipo VTM, ou cartão de crédito convencional, é sempre bom contar com um extra caso seja necessário. Eu uso dois cartões pré-pagos que nunca coloco muita grana, mas está lá caso seja necessário: um de bandeira visa do banco rendimento e outro de bandeira mastercard multi-moeda da Confidence. Já vi um deles não funcionar, mas ambos, nunca. E ainda levo um cartão de crédito como garantia, mas nunca precisei dele.
Caso você tenha dúvida sobre a informação de quanto dinheiro em espécie deve levar para apresentar na imigração (na internet tem muita info falsa sobre o assunto), busque a informação real com o consulado do país que você escolheu. Melhor ter certeza do que se incomodar com informação errada na hora errada. Depois que você estiver cara a cara com o funcionário da imigração, não tem como sacar dinheiro de última hora.
RESIDÊNCIA ESTUDANTIL/HOSTEL/ UM LUGAR PARA CHEGAR/ CARTA CONVITE
Você vai perceber que o preço da residência estudantil e/ou semana em casa de família é caro. E pode optar por pagá-lo pelo tempo integral do intercâmbio ou pagar por um tempo e procurar outras possibilidades, ficar em um hostel na primeira semana ou até resolver isso ou ter um amigo que te receba em casa no período que você vai estudar.
Caso você tenha um amigo que vai te receber neste período, você deve apresentar na imigração uma carta convite com os dados do seu anfitrião como comprovante de moradia. A carta deve estar escrita na língua do país e existem inúmeros modelos na internet, embora eu deva te lembrar que também há exigências de cada país para o que vai estar escrito nesta carta, então, de novo, vale a pena pesquisar o site do próprio consulado em busca de maiores exigências. Geralmente, anexar o passaporte do anfitrião é de bom grado, mesmo que não seja solicitado como requisito básico.
Eu nunca considerei pagar a residência no tempo integral pq eu queria ter a experiência de morar com outras pessoas naturais dali e isso a residência estudantil não me daria, mas também não tinha amigos que me recebessem por lá. Na Espanha, aluguei um hostel por uma semana e foi mais difícil do que Dublin (onde fiquei uns dias no hostel e depois dez dias em residência estudantil da empresa de intercâmbio) para encontrar um lugar pq além da barreira da língua, era minha primeira vez em tudo. Acho que depois que você faz uma vez, faz mais mil, mas a primeira é sempre mais complicada. E isso vale para todas experiências no quesito viajar, mas principalmente nessa.
Seja lá como você for optar iniciar sua procura, aqui vão algumas dicas (lembrando que eu acho legal optar por um hostel ou as duas primeiras semanas em uma residência e fazer esta busca já no país, por diversos motivos que você vai encontrar no meio do texto):
Procure saber quais são os principais sites usados no país para procurar alojamento. Na residência estudantil certamente haverá alguém que mora ali há mais tempo que você e está passando pelo mesmo processo. Pergunte! Se você ficar em hostel, busque os staffs nativos e também os estudantes que estão chegando com o mesmo propósito que você. Lembre-se que é sempre mais legal e inteligente caçar dicas com nativos e/ou pessoas que vivem na cidade. Eles tem as melhores ideias, os bares mais baratos, os por do sol mais fantásticos e (logicamente), os sites mais maneiros para procurar quartos ou vagas em repúblicas. E se não tem, conhecem alguém que tenha. Pergunte sobre as melhores zonas da cidade para morar, onde tem mais estudantes, onde estão as baladas, como é o transporte para o local onde você vai estudar... De novo, PERGUNTE! :)
Visite a(s) Universidade(s) da cidade. No mural dos campus geralmente tem avisos de quartos disponíveis, alguns bem descritivos e com a localização próxima do apartamento. Vale a pena, mas é aquela coisa: não tem fotos. Eu acho difícil visitar um lugar que eu não faço a mínima ideia de como é, principalmente para morar. Às vezes as universidades mantém redes próprias online para quartos e vagas de estudante do campus. Mesmo que você não seja estudante da universidade em questão, vale a pena checar! :)
Independente do meio que você escolher (eu optei por sites de locação de aptos, quartos e vagas mais usados no país onde eu estava, mas só lembro agora do DAFT.IE na Irlanda pq acessei muito até achar!), vai chegar naquele processo chato que é um tiro no escuro de mandar mensagens e saber mais sobre o lugar onde você futuramente vai morar. É um saco fazer isso, mas eu conheci figuras tão memoráveis visitando possíveis lugares para morar que eu não conheceria jamais sem esta parte do processo. Invista nisso! E não se decepcione, tem muito maluco no mundo! Rs Quando você está fazendo um intercâmbio em uma cultura completamente diferente da sua, qualquer coisa pode estar do outro lado da porta. Vá com a mente aberta e faça a egípcia saia meio de fininho se for necessário, mas não deixe de ir!
Caso o lugar te agrade, não esqueça de perguntar (algumas destas perguntas eu já fazia antes de visitar): tempo de permanência que o imóvel exige, a necessidade de depósito caução para entrada, a viabilidade de entrada imediata ou não, com quantas pessoas você vai dividir o apartamento (ou o quarto) e principalmente as regras da casa e um pouco sobre os moradores do local se o lugar te agradar de verdade. Pode ser que você ame o apartamento, mas não o funcionamento dele e/ou as pessoas que vivem ali e é melhor descobrir antes de pagar depósito e levar sua bagagem. Claro que tem coisas que não dá para evitar, mas...converse um pouco com seu futuro colega de apartamento e não tenha vergonha de pedir como são os outros que não estão presentes. Isso vai ajudar (e muito) que sua estadia no país seja fantástica ou péssima. Leve isso em conta.
COMPROVAÇÃO DO QUE VOCÊ VAI FAZER LÁ
Mesmo que você tenha passado por processo de solicitação de visto prévio, tenha em mãos na imigração todos os documentos que você utilizou como razão para pedir o visto: carta de aceitação da escola ou da universidade onde você vai estudar, do programa de intercâmbio em caso de work experience, au-pair ou ensino médio e preferencialmente, recibo de que está pago. Todos os tipos de comprovação que dão veracidade ao que você vai explicar para a imigração do pq está lá (como estará e quando vai voltar também, se necessário), são válidos e podem evitar situações chatas e longas em imigrações. Você está recém chegando, ansioso, querendo viver um negócio totalmente novo e não quer complicações desnecessárias. Lembra? Pois, se organize pra isso.
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